07/06/24
Em três anos e meio de mandato, o prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) acumula incontáveis desgastes. Tudo somado e dividido, Cruz tem hoje uma gestão muito mal avaliada. Em meio a última crise, com uma operação policial deflagrada para investigar contratos irregulares na Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra) e que atingiu em cheio Denes Pereira, então titular da pasta braço e direito do prefeito, Rogério Cruz gravou um vídeo tentando vender a imagem de que é vítima de perseguição política. Não colou.
No vídeo, postado nas redes sociais um dia após a operação, Cruz aparece circunspecto, olhando para o celular um recorte da notícia divulgada pela TV Anhanguera. Na gravação, cuidadosamente elaborada pelo marketing, o prefeito diz ter disposição para enfrentar qualquer investigação, oferece seus sigilos (sem que tenha sido pessoalmente acusado de qualquer crime), e demonstra um certo tom de indignação, como se a operação desta semana e também a anterior, deflagrada há três meses, fossem mera perseguição política. Apesar do esforço do marketing, definitivamente Cruz não é um bom ator.
A decisão da comunicação de Rogério Cruz é tentar embaralhar o cenário eleitoral, criando uma ‘cortina de fumaça’ sobre as investigações em andamento e alimentando, de alguma forma, uma narrativa de que pode haver perseguição ao prefeito. Em nenhum momento, o prefeito e sua equipe decidiram esmiuçar as denúncias e rebater o que está sendo investigado.
Além disso, não há um alvo concreto para a perseguição da qual Rogério é uma vítima. É como se o marketing dele culpasse ‘forças ocultas’, que teriam interesse na derrocada do prefeito, que ainda tenta viabilizar sua candidatura à reeleição.
O problema da narrativa escolhida pelo marketing é que ela não encontra respaldo na realidade. No atual cenário da eleição em Goiânia, exaustivamente investigado por pesquisas qualitativas e quantitativas, Rogério Cruz já foi limado. O que se discute hoje é o pós-Rogério, a herança e os muitos desafios que o próximo prefeito enfrentará a partir de 1º de janeiro de 2025.
