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Revista destaca que Datena ouve conselhos de Marconi e de Kajuru

31/07/24

José Luiz Datena ainda está se adaptando à vida partidária. “Bando de filho da puta”, vociferou ele, apontando o dedo em riste ao sair da convenção municipal do PSDB no sábado, 27. Recém-confirmado como candidato a prefeito de São Paulo, Datena enfrentou protestos de uma pequena multidão de tucanos reunida na porta da Assembleia Legislativa. Houve princípio de confusão. “Vagabundos do caralho”, prosseguiu ele, vestindo camisa salmão e jaqueta de couro, enquanto se enfiava em um carro preto cercado de seguranças.

Aconselhado, conforme a Revista Piauí, pelo presidente nacional do PSDB e ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, e pelo senador Jorge Kajuru, aos 67 anos, Datena traz consigo quarenta anos de experiência em frente às câmeras, primeiro como repórter esportivo e depois como apresentador de programas policiais. Filiado ao PSDB há apenas quatro meses, sua candidatura em outubro é tão incerta quanto suas posições políticas. Desde 2015, ele esteve alinhado com petistas, progressistas, democratas, emedebistas, bolsonaristas, socialistas, trabalhistas e outros partidos do Centrão.

Datena deixou o PSB para se filiar ao PSDB em abril, visando a candidatura a vice-prefeito na chapa de Tabata Amaral (PSB). A ideia foi da deputada, que queria evitar uma chapa puro-sangue e obter mais tempo de TV e recursos partidários. No entanto, um jantar no escritório de um amigo de Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB e ex-governador de Goiás, mudou o rumo de Datena. A cúpula tucana, incluindo José Aníbal, Aécio Neves e Eduardo Leite, persuadiu Datena a concorrer ele próprio à prefeitura.

“Acho que você tem qualidades. É um cara conhecido. Ser vice não combina com a sua história”, argumentou Aécio Neves. Datena, que em 2017 defendeu a prisão de Aécio, ouviu atentamente. Leite reforçou: “Se você tiver vontade e agarrar o touro à unha, vai dar certo.” Convencido, Datena viu pesquisas que mostravam seu potencial de vitória, especialmente entre eleitores bolsonaristas.

Os aliados de Tabata Amaral reagiram com aparente tranquilidade à notícia da candidatura de Datena. “Era um movimento que estava na conta”, disse Orlando Faria, coordenador da campanha de Tabata. As pesquisas, no entanto, mostraram que Datena rapidamente ganhou terreno. Em junho, ele tinha 17% das intenções de voto. Na última terça-feira (30), um novo levantamento o colocou com 19%, empatado tecnicamente com Guilherme Boulos (19%) e o atual prefeito, Ricardo Nunes (21%).

Datena contou que, ao decidir pela candidatura, ligou para Tabata Amaral e se justificou. “A Tabata ficou chateada, claro. Muito triste mesmo”, relembra ele. “Mas eu disse a ela: ‘Meu amor, você me obrigou a ir para o PSDB. Se o PSDB te sacaneou, não é problema meu.’”

Apesar de sua falta de persistência em campanhas anteriores, Datena está determinado desta vez. “Essa campanha não pode ser destruída”, afirmou repetidamente. Contudo, ele acrescenta: “Mas se me sacanearem, eu tô fora.”

Seu principal conselheiro é Jorge Kajuru, senador pelo PSB-GO. “Nós conversamos todos os dias, acertamos todos os detalhes”, disse Kajuru, que conheceu Datena na adolescência e tem uma tatuagem do rosto do amigo. Kajuru acredita que Datena encontrará seu lugar no Senado, vendo a prefeitura como uma “escola primária” antes de seguir para Brasília.

Datena, conhecido por sua versatilidade política, resume assim seu pensamento: “Minha ideologia é o povo, é a Constituição.” Ele afirma que há “gente boa na esquerda e na direita”, mas nos extremos “só tem merda.” Seu farol político é Winston Churchill, junto com Gandhi e Lincoln.

A candidatura de Datena, agora oficializada, representa uma esperança para o PSDB. Mesmo que não vença, acreditam os tucanos, ele pode puxar votos para a vereança ou servir de barganha com outros candidatos. A trajetória do apresentador na política, apesar de marcada por desistências, agora segue um novo rumo, apoiado pelos conselhos de Marconi Perillo e Jorge Kajuru.


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