03/08/24
A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) alcançou em junho de 2024 um recorde na quantidade e na despesa com comissionados e registrou 590 funcionários comissionados ao custo de R$ 4,07 milhões. Esse aumento, conforme levantamento do jornal O Popular, tem sido constante desde janeiro de 2021, início da gestão do prefeito Rogério Cruz (Solidariedade).
Entre os comissionados, destacam-se parentes de dois secretários municipais. Patrícia Miguel Sobral Simonetti, esposa do secretário de Comunicação, Fábio Simonetti, foi contratada para a diretoria de limpeza em 27 de maio de 2024. Seu salário bruto em junho foi de R$ 5,8 mil, composto por um vencimento de R$ 1,5 mil, vale-transporte de R$ 240,80 e "outros proventos" não detalhados, somando R$ 4 mil.
Simonetti, que é publicitário, foi nomeado secretário em abril após a saída de Célio Campos e já ocupava o cargo de assessor especial no gabinete do prefeito. O secretário ainda não se pronunciou sobre o caso.
Também figuram na lista de comissionados dois sobrinhos do secretário de Governo, Jovair Arantes: Maximiliano Faria Arantes e Julianna Machado Arantes Moretto, irmãos do vereador Léo José (Solidariedade). Este último confirmou ser o responsável pelas indicações dos cargos na Comurg.
Julianna foi admitida em abril de 2024 e recebeu R$ 9,4 mil em junho, sendo R$ 1,8 mil de vencimentos e R$ 7,3 mil de "outros proventos". O pagamento líquido foi de R$ 7,3 mil. Maximiliano está na companhia desde outubro de 2023 e teve um pagamento bruto de R$ 10,2 mil em junho, composto por vencimentos de R$ 1,8 mil, vale-transporte de R$ 240,80 e R$ 8,1 mil de "outros proventos". O total líquido foi de R$ 7,8 mil.
Em janeiro de 2024, a Comurg tinha 520 comissionados, com uma folha de pagamento de R$ 3,6 milhões. Nos seis primeiros meses do ano, houve um aumento de 70 pessoas e um acréscimo de cerca de R$ 400 mil nos custos com essa categoria. A despesa com comissionados atingiu R$ 4 milhões em maio. Os valores foram atualizados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) até junho, sem considerar o pagamento do 13º salário.
Há dois meses, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) confirmou a dependência da Comurg em relação à Prefeitura, o que implica que as contas da administração municipal serão julgadas, a partir de 2025, levando em consideração as dívidas de mais de R$ 1 bilhão da companhia e a folha de pagamento, que, considerando os efetivos, é de cerca de R$ 30 milhões. Uma proposta de acordo está em análise. Além disso, a Comurg confirmou que entrou com recurso, argumentando que não recebe repasse da Prefeitura para despesas de custeio, mas é paga por serviços contratados. O contrato atual vence em outubro, e os termos de um novo documento estão em discussão.
Em nota, a Comurg afirmou que o número de comissionados está em conformidade com a legislação, que permite até 10% do total de funcionários efetivos. A companhia informou ter 7,2 mil servidores, incluindo comissionados, aqueles que estão de licença e à disposição de outros órgãos.
"Todos os comissionados foram avaliados por meio de suas capacitações, com o intuito de suprir as demandas de qualificação técnica do quadro de funcionários da companhia", alegou a empresa. Quanto aos parentes de secretários, a Comurg argumentou que, a princípio, não vê ilegalidade, mas "vai verificar e adotar as medidas cabíveis, se necessárias, conforme a legislação".