11/08/24
Em 2021, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (hoje no Solidariedade), apresentou uma proposta que poderia ter mudado radicalmente o sistema de transporte coletivo na capital e nas cidades vizinhas para pior, claro. O plano, que se distanciava das práticas adotadas em grandes centros urbanos ao redor do mundo, propunha a cobrança de tarifas de ônibus baseadas na distância percorrida pelo usuário, ao invés da tarifa única tradicionalmente aplicada.
Defendendo a proposta com firmeza, Rogério Cruz argumentou em uma entrevista à TV Anhanguera à época que seria "injusto" cobrar a mesma tarifa de usuários que percorrem distâncias curtas e longas. Ele sugeriu que essa diferenciação beneficiaria aqueles que se deslocam por curtos trajetos, enquanto aqueles que enfrentam maiores distâncias, como de Goiânia a Bela Vista, pagariam tarifas mais altas.
Essa ideia, que parecia atender aos interesses das empresas de transporte coletivo da região, contrariava o princípio de igualdade que sustenta o modelo de tarifa única – uma prática globalmente adotada para proteger os mais pobres, que geralmente precisam fazer viagens mais longas para chegar ao trabalho ou a outros compromissos. A proposta de Rogério Cruz, ao fragmentar o custo do transporte, teria potencialmente aumentado a carga financeira sobre os moradores das periferias e cidades vizinhas, que dependem do transporte público para acessar o centro de Goiânia.
Embora detalhes como a forma exata de cobrança por distância ainda estivessem em discussão – seja por quilometragem, número de pontos de parada ou a criação de anéis tarifários – o impacto sobre os usuários mais vulneráveis era evidente. A proposta, se implementada, poderia ter agravado as desigualdades no acesso ao transporte público, tornando-o mais caro e menos acessível para aqueles que já enfrentam desafios socioeconômicos. A proposta de Cruz não avançou.