Goiânia, 26/12/2024
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Jornal Opção analisa as trapalhadas de Vanderlan e Paulo Daher na campanha

15/09/24

O que começou com uma aliança inesperada entre o senador Vanderlan Cardoso (PSD) e o médico Paulo Daher, ex-vereador e presidente do PP em Goiânia, terminou em uma série de reveses para ambos os candidatos conforme análise do jornal Opção. A parceria, anunciada com entusiasmo na convenção do PSD em agosto, que confirmou Daher como vice na chapa de Vanderlan para a prefeitura de Goiânia, rapidamente se transformou em um campo de batalha político e jurídico.

No mesmo dia em que Vanderlan anunciava oficialmente seu companheiro de chapa, a poucos quilômetros de distância, Adriano do Baldy, deputado federal e figura influente do PP, desautorizava Daher, reafirmando o apoio de seu partido à candidatura de Sandro Mabel (UB), o candidato do governo estadual. Esse ato foi o estopim para um embate interno no PP, com acusações de complô e tentativas de “golpe” para direcionar a legenda ao lado de Vanderlan.

Daher defendeu-se, alegando que, como presidente metropolitano do PP, tinha o direito de conduzir o partido em Goiânia, e que a convenção não havia firmado aliança com Mabel. Mas a cúpula estadual do PP, incluindo Alexandre Baldy, presidente estadual da legenda, contestou veementemente, acusando-o de articular um movimento à revelia dos demais membros do partido. Alexandre chegou a classificar a ata da convenção liderada por Daher como “fraudulenta”, embora evitasse confrontos diretos.

Mesmo com o cenário cada vez mais conflituoso, a Justiça Eleitoral inicialmente deu razão a Paulo Daher, permitindo que o PP continuasse na coligação de Vanderlan. No entanto, esse breve alívio logo deu lugar a uma nova onda de incertezas dentro da campanha. A informação que circulava entre aliados do PSD era de que Sucena Hummel, ex-presidente do Conselho Regional de Contabilidade, já estava pronta para assumir a vaga de vice na chapa.

A profecia se confirmou na última semana, quando Paulo Daher renunciou oficialmente à candidatura de vice-prefeito após o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) decidir pela remoção do PP da aliança de Vanderlan. A decisão, que também impediu o PP de integrar a coligação de Mabel, provocou uma redistribuição do tempo de TV, beneficiando Mabel e prejudicando Vanderlan.

Em nota oficial, a coligação "Goiânia que Queremos", de Vanderlan, lamentou a decisão, mas afirmou que “todo o processo de aliança entre PSD e PP ocorreu rigorosamente dentro da lei” e que buscaria reverter a decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, a postura na nota refletia o tom de derrota iminente que pairava sobre a campanha.

Apesar dos esforços de reversão da situação, Vanderlan já aceitou a realidade, substituindo Daher por Sucena Hummel, confirmando o prognóstico pessimista de seus aliados. A mudança de vice não apenas simbolizou uma reestruturação da chapa, mas também marcou o fim de uma aliança que, desde o princípio, parecia instável.

A grande questão que fica é: o que levaria Vanderlan e Paulo Daher a acreditar que uma articulação tão frágil pudesse vingar? Mesmo que parte da cúpula estadual do PP tivesse conhecimento do plano de união entre o PSD e o partido progressista, a ideia de que Daher, sozinho, poderia decidir os rumos do partido foi, no mínimo, ingênua. A oposição interna foi imediata e ruidosa, com líderes estaduais do PP denunciando publicamente a manobra.

No fim, o resultado da disputa não favoreceu nenhum dos lados. Vanderlan seguiu em frente, com uma nova vice e sua campanha em andamento, enquanto Paulo Daher viu seu capital político derreter em meio à confusão, restando-lhe apenas as memórias de uma aventura que, ao final, custou mais do que valeu.


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