03/10/24
Os leitos de UTI neonatal contratados pela Prefeitura de Goiânia para atender a rede municipal estão com capacidade esgotada. Dos 74 leitos disponíveis, apenas dois estavam vagos nesta quarta-feira (2), mas não podem ser utilizados, pois estão localizados em hospitais que suspenderam atendimentos por falta de pagamento. Um dos leitos pertence ao Hospital Jacob Facuri, que possui 30 leitos de UTI neonatal contratados e anunciou a suspensão de novos atendimentos devido a uma dívida de R$ 19 milhões acumulada pela administração municipal.
Segundo o diretor-geral do hospital, Ibrahim Facuri, os atrasos nos repasses começaram em 2020 e pioraram nos últimos dois anos. A Prefeitura teria informado que não há recursos disponíveis para regularizar a situação. Facuri afirmou que os 30 leitos de UTI neonatal custam mais de R$ 900 mil por mês, e a continuidade dos atendimentos seria inviável sem o pagamento. Apesar de ter recebido R$ 17,5 milhões da Prefeitura este ano, o valor serviu apenas para amortizar parte de uma dívida inicial de R$ 24 milhões.
Outro leito disponível estava no Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC), que também enfrenta dificuldades financeiras. Desde agosto, os serviços ambulatoriais das três maternidades de Goiânia foram paralisados por falta de repasses regulares. As UTIs neonatais só estão disponíveis para bebês nascidos na própria unidade, sem receber novos pacientes regulados. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que um novo repasse será feito até sexta-feira (4) para tentar normalizar a situação.
O caso expõe uma grave crise na saúde pública municipal, com hospitais operando no limite e comprometendo a assistência neonatal. A SMS declarou que os débitos se referem ao complemento à tabela SUS e que o município já ultrapassou o investimento obrigatório na saúde, dificultando novos pagamentos. A falta de regularidade nos repasses coloca em risco a continuidade dos atendimentos e a sustentabilidade financeira das unidades contratadas.
