Goiânia, 21/10/2024
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Polícia Civil investiga Professor Alcides por compra de cadáveres para faculdade de medicina

17/10/24

A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), está investigando uma denúncia que envolve o candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia, Professor Alcides (PL), na compra irregular de corpos humanos utilizados para estudos anatômicos na Faculdade Alfredo Nasser (Unifan), de sua propriedade. 

De acordo com o relatório do inquérito policial, Alcides e outros membros da administração da faculdade teriam utilizado documentos falsificados, supostamente emitidos pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo, para legitimar a aquisição dos corpos.

A denúncia foi feita por um ex-diretor do Instituto de Ciências e Saúde da Unifan, que relatou que corpos sem procedência definida foram entregues no campus da faculdade em agosto de 2014. Segundo ele, o diretor acadêmico da faculdade teria reclamado da falta de cadáveres para estudo e solicitado novos corpos por meio de um contato em São Paulo. O denunciante afirmou que os corpos chegaram transportados em um táxi, acondicionados de forma inadequada, em sacos plásticos, caixas com ossos e encefálicos armazenados em baldes.

O ex-diretor afirmou ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) que se afastou da instituição após receber ameaças de morte por parte de outros membros da direção, já que se opunha à compra irregular dos cadáveres. Em seu depoimento, ele alegou que o próprio Professor Alcides, em uma conversa particular, teria admitido que os corpos foram "roubados" de uma faculdade de São Paulo.

Ainda segundo o ex-diretor, o diretor acadêmico da Unifan teria cobrado R$ 50 mil de Alcides pelos corpos, embora o denunciante não tenha confirmado se esse valor corresponde ao total da transação ilegal. Ele também declarou que, após o início das investigações, os cadáveres foram retirados do laboratório da Unifan, restando apenas algumas peças anatômicas, como um aparelho digestório glicerinado, rins e um fígado.

O Ministério Público requisitou a instauração de um inquérito para apurar crimes como subtração de cadáver, uso de documento falso, fraude em certame de interesse público e associação criminosa, caso a participação de outros funcionários seja comprovada. Somadas, as penas desses crimes podem chegar a 17 anos de prisão.

Em depoimento à polícia, Professor Alcides negou todas as acusações. Ele afirmou desconhecer a procedência dos corpos alegadamente vindos de São Paulo e negou que tenham sido entregues por táxi no campus da Unifan. Apesar disso, Alcides reconheceu o vínculo do ex-diretor denunciante com a instituição de ensino.


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