22/10/24
A reunião realizada nesta segunda-feira (21) entre a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc/UFG) e o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, terminou sem qualquer proposta concreta para quitar a dívida de R$ 86,5 milhões que a Prefeitura de Goiânia tem com as maternidades públicas. A falta de responsabilidade da gestão municipal em resolver a crise financeira ameaça o atendimento à saúde, agravando a situação crítica das unidades.
Durante o encontro, que contou com a participação da vereadora Kátia Maria (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, da diretora executiva da Fundahc, Lucilene Sousa, e do vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, não houve avanço em relação ao pagamento da dívida. Além das obrigações vencidas, os passivos trabalhistas elevam o montante devido a mais de R$ 127 milhões.
Lucilene Sousa criticou a ausência de uma solução. "O município alega falta de recursos e que já ultrapassou o percentual mínimo para a saúde, mas, na prática, nada muda. As maternidades continuam sem condições de funcionamento", afirmou a diretora.
A vereadora Kátia Maria reforçou a gravidade da crise e a desconexão entre os números apresentados pela prefeitura e a realidade enfrentada pela população. "Apesar de alegarem que estão investindo mais do que o mínimo exigido em saúde, a população não vê isso. As unidades estão sem insumos básicos, salas de vacina fechadas, falta de funcionários, e as maternidades são as mais afetadas", destacou.
O secretário Pollara justificou a falta de pagamento com a alegação de queda na arrecadação do município, mas essa informação foi desmentida pela Secretaria de Finanças (Sefin), que afirmou que a arrecadação "segue dentro das expectativas" e que os repasses à saúde estão sendo feitos em dia. No entanto, a prefeitura continua sem quitar a dívida com as maternidades, o que compromete o atendimento à população.
A situação é tão crítica que as maternidades gerenciadas pela Fundahc já tiveram que restringir atendimentos eletivos e operam com medidas emergenciais para manter os serviços de urgência. A diretora Lucilene Sousa relatou que as dívidas com fornecedores, médicos e encargos trabalhistas deixaram as unidades sem capacidade financeira para garantir a oferta de serviços. "Infelizmente, tivemos que negociar insumos constantemente, mas hoje ninguém quer mais fornecer nada porque não conseguimos pagar", lamentou.
A falta de ação da prefeitura para resolver o problema ameaça não apenas as maternidades, mas toda a rede de saúde pública de Goiânia, evidenciando uma grave crise de gestão que coloca em risco a saúde dos cidadãos.