31/10/24
Em um cenário de profundas divisões dentro da direita brasileira, a relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), sofreu um revés definitivo nas eleições de 2024. Em meio ao embate político, figuras como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, se pronunciaram duramente, classificando Bolsonaro como “covarde”.
A ausência de resposta do ex-presidente tem sido interpretada como uma confirmação, por parte de um dos líderes evangélicos mais próximos a ele, do que considera ser uma grave falha de caráter. A tensão entre Bolsonaro e Caiado não é nova. Em 2022, o União Brasil lançava Soraya Thronicke à presidência, mas, após sua saída no primeiro turno, o embate final foi entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro.
Bolsonaro, à frente nas pesquisas, buscava apoio em todos os estados e recorreu ao governador Ronaldo Caiado, um líder forte de centro-direita, para conquistar votos em Goiás. Caiado, à época, atendeu ao pedido, e Bolsonaro venceu em Goiás com 58,71% dos votos válidos, uma margem expressiva de 650.926 votos sobre Lula, garantindo um peso importante ao ex-presidente em um estado de alta densidade eleitoral.
Mesmo com apoio incondicional de Caiado, Bolsonaro perdeu a eleição por uma diferença de apenas 2,1 milhões de votos em nível nacional. Goiás, com seus 5,1 milhões de eleitores, mostrou-se um terreno fértil e de peso decisivo. Para muitos aliados, a expectativa era de que Bolsonaro mantivesse a parceria com o governador em futuras disputas. No entanto, essa expectativa ruiu na eleição municipal de 2024.
Ao se recusar a apoiar o candidato de Caiado à Prefeitura de Goiânia, Sandro Mabel, Bolsonaro não apenas desfez a parceria, mas lançou Fred Rodrigues (PL) para o cargo, um movimento que contrariou fortemente a liderança goiana. Além disso, Bolsonaro se voltou contra figuras políticas importantes do estado, como o próprio Caiado, criando um distanciamento ainda maior entre os dois.
