22/11/24
A Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso, em Goiânia, abriu um inquérito para apurar um golpe estimado em R$ 30 milhões contra uma idosa, supostamente praticado pelo genro da vítima. O caso está sendo conduzido pelo delegado Alexandre Bruno de Barros. A vítima, que teve sua identidade preservada para evitar revitimização, já foi ouvida, e documentos e outras provas foram anexados ao processo, conforme apuração do portal Mais Goiás.
O crime, previsto no Estatuto do Idoso, refere-se à apropriação de bens ou rendimentos de pessoas idosas. Na esfera criminal, a idosa é representada pelo advogado Luís Alexandre Rassi. Em paralelo, na esfera cível, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) determinou que o empresário apresente uma prestação de contas detalhada sobre o dinheiro captado sob pretexto de investimentos e criação de empresas. A decisão foi tomada após diversas tentativas frustradas da vítima em obter esclarecimentos diretamente com o genro.
De acordo com o advogado Leonardo Lacerda Jubé, responsável pela ação cível, uma notificação extrajudicial foi enviada previamente ao empresário. "Ele respondeu alegando que não tinha contas a prestar por se tratar de uma relação familiar. Diante disso, ajuizamos a ação, e a Justiça reconheceu a validade do nosso pedido, concedendo uma decisão favorável à prestação de contas", destacou Jubé.
Durante as investigações, descobriu-se que o empresário atua irregularmente no mercado financeiro, sem registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essa prática sugere a existência de um possível esquema de pirâmide financeira, em que recursos de novos investidores são usados para cobrir prejuízos de outros. O empresário opera atualmente com cerca de 14 CNPJs e já responde a outras ações judiciais envolvendo situações semelhantes.
Os autos revelam que o golpe começou em 2018, quando o empresário passou a integrar a família, intensificando-se a partir de 2021, quando ele e a esposa passaram a morar com os sogros. Ele teria convencido a vítima de que se tratavam de investimentos seguros, incluindo aplicações em bitcoins. Em uma das transações, a idosa repassou R$ 5 milhões para serem investidos em criptomoedas. Ao longo dos anos, ele continuou a persuadir a sogra a realizar novos aportes financeiros.
Segundo Jubé, o empresário aparentemente confiava na impunidade por sua relação familiar. "Essa situação se arrastou por anos, mas tornou-se insustentável. Já localizamos ex-sócios dele que também enfrentaram prejuízos em esquemas semelhantes", relatou o advogado.
A idosa, diante da ausência de prestação de contas e de um cenário de desconfiança envolvendo diversas pessoas físicas e jurídicas, decidiu procurar a Justiça e a polícia. O caso segue em investigação, e o empresário enfrenta o risco de novas acusações à medida que surgem mais informações sobre sua atuação no mercado financeiro.