22/11/24
A transição de governo entre Rogério Cruz (SD) e Sandro Mabel (UB), em Goiânia, parecia ser uma última oportunidade para a atual gestão deixar um legado de cooperação e responsabilidade. No entanto, o cenário que se desenha aponta para uma passagem de bastão marcada por falta de transparência e desafios estruturais, especialmente nas áreas de saúde e finanças.
A Saúde pública é um dos setores mais atingidos pela má gestão, com maternidades em crise, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) operando com limitações, e unidades de saúde sofrendo com a ausência de medicamentos e insumos básicos. Esse quadro é agravado por uma dívida acumulada, que compromete a continuidade do atendimento à população.
"Esses problemas são fruto de anos de má administração e falta de planejamento estratégico", avalia um especialista em gestão pública. Para Sandro Mabel, o cenário é alarmante: um sistema público de saúde à beira do colapso será o principal desafio de sua administração.
Além das questões de saúde, a arrecadação municipal está aquém das necessidades, enquanto os compromissos assumidos pela atual administração sobrecarregaram o orçamento da cidade. A falta de planejamento financeiro gerou um descompasso que a próxima gestão terá que enfrentar.
Para estabilizar as finanças, Sandro Mabel precisará adotar medidas drásticas, como cortes de gastos e a busca por novas fontes de receita. A recuperação da credibilidade fiscal será uma tarefa árdua em um momento de alta demanda por serviços públicos.
Outro ponto crítico é a maneira como a transição está sendo conduzida. Informações essenciais sobre contratos, projetos em andamento e a real situação financeira do município têm sido entregues de forma fragmentada e em ritmo lento. Essa falta de clareza dificulta o planejamento inicial da nova gestão e aumenta as incertezas quanto ao futuro da administração pública em Goiânia.
"Transparência é uma obrigação da gestão atual, e não uma escolha", destaca um analista político. Ele ressalta que o descompromisso com a entrega de dados prejudica não apenas o próximo governo, mas também a população goianiense.
Sandro Mabel assume a Prefeitura em um contexto de "terra arrasada", com a responsabilidade de reverter um cenário crítico. Ele terá que lidar com desafios imensos, como reequilibrar as finanças municipais e recuperar a confiança da população na administração pública.
Por outro lado, a atual gestão de Rogério Cruz encerra seu mandato sob duras críticas, desperdiçando a chance de demonstrar responsabilidade e colaboração. A condução desastrosa da transição poderá deixar marcas profundas e custar caro à cidade, dificultando ainda mais o início da nova administração.