17/12/24
Relatos da diretora executiva da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), Lucilene Maria de Sousa, foram fundamentais para a operação do Ministério Público de Goiás (MP-GO) que resultou na prisão do então secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, e de dois de seus assessores em 27 de novembro. Os depoimentos indicam um envolvimento direto do ex-secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique.
Wilson Pollara, oriundo de São Paulo, e Quesede Ayres, do Tocantins, assumiram seus cargos na SMS em 2 de outubro de 2023, mas Quesede já atuava na secretaria desde 18 de setembro como superintendente de Administração e Gestão de Pessoas. Segundo Lucilene, inicialmente Pollara negociava as dívidas milionárias da Fundahc, mas posteriormente indicou Quesede como responsável pelo setor financeiro da pasta.
Lucilene prestou dois depoimentos ao Grupo de Atuação Especializada no Patrimônio Público (Gaepp) do MP-GO. O primeiro, em 19 de agosto, ocorreu após os promotores receberem informações de que Wilson e Quesede descumpriam a ordem cronológica de pagamentos a fornecedores e interferiam na gestão de entidades conveniadas, incluindo a Fundahc, que administra três maternidades municipais de Goiânia.
No segundo depoimento, em 22 de outubro, Lucilene relatou um final de semana crítico no Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), que quase ficou sem pediatras para emergências. Foi nesse momento que ela informou o MP-GO sobre um pagamento feito pelos investigados a um fornecedor da Fundahc com recursos que não eram públicos, configurado por Pollara como um "empréstimo" a ser reembolsado posteriormente.
A operação Comorbidade, deflagrada em novembro, prendeu Wilson, Quesede e o diretor financeiro da SMS, Bruno Vianna Primo, além de cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados. Um dos beneficiários do suposto "empréstimo" seria o pediatra Pietro Giovanni Griggi, contratado para fornecer profissionais às maternidades municipais.
Os depoimentos de Lucilene embasaram grande parte das provas apresentadas pelo MP-GO, que segue investigando irregularidades financeiras e interferências na gestão da saúde pública de Goiânia. A operação trouxe à tona a complexidade do esquema e agravou a crise na pasta, que já enfrenta dificuldades administrativas e financeiras.