13/01/24
O anúncio de que o PSDB lançará uma candidatura própria à Prefeitura de Goiânia em 2024, liderada pelo jornalista Matheus Ribeiro, pode ser um movimento estratégico equivocado, alerta o cientista político Guilherme Carvalho. Em uma entrevista ao jornal O Hoje, Carvalho ressalta que a trajetória solitária do partido pode acentuar o já declinante prestígio tucano, além de comprometer ainda mais sua relevância política em um cenário nacional polarizado.
A análise do cientista político aponta para a origem do declínio do PSDB, vinculada ao discurso lavajatista adotado em 2014. O partido, que outrora capitalizou votos antipetistas, viu-se envolto em operações e enfrentou um "fracasso retumbante" em 2018. Carvalho destaca que, embora o espaço para o PSDB não esteja totalmente fechado, o partido está longe de recuperar a influência que já teve.
O especialista observa que o surgimento de uma alternativa mais à direita, representada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contribuiu para o esfacelamento do PSDB, que outrora era a única opção antipetista. A ausência de uma mobilização partidária eficaz e a polarização política resultaram em uma perda de protagonismo do PSDB, e Carvalho não vislumbra uma rápida recuperação desse espaço.
Guilherme Carvalho critica a estratégia adotada por Marconi Perillo, líder dos tucanos em Goiás, ao optar por uma trajetória solo nas eleições municipais. Com o partido reduzido, Carvalho argumenta que Perillo deveria buscar parcerias para fortalecer a atuação do PSDB. No entanto, o receio de descontentamento das bases do interior, associado à adesão a um bloco mais amplo, pode estar limitando potenciais alianças.
O cientista político aponta que o discurso de centro e moderação, que caracterizava o PSDB, perdeu espaço em uma era de extremismos. Essa análise contrasta com a abordagem de Marconi Perillo, que parece projetar uma atuação com base em um cenário político que não reflete a realidade atual, segundo Carvalho. As pesquisas indicam que o discurso moderado está em declínio desde 2018, e o especialista adverte que o PSDB pode sair ainda menor das próximas eleições. Diante da discrepância entre a estratégia adotada por Perillo e as tendências políticas evidenciadas nas pesquisas, Carvalho sugere que o líder dos tucanos não está alinhado com a realidade política.
