03/03/25
Pesquisas da Genial/Quaest e do Datafolha indicam que a aprovação de Lula caiu entre as mulheres, grupo historicamente favorável ao petista. O levantamento da consultoria Gobuzz aponta que declarações polêmicas do presidente, como a comparação entre democracia e amantes e a fala sobre violência doméstica ligada ao futebol, geraram forte rejeição. O índice de ótimo ou bom do governo caiu 11 pontos no geral e 14 pontos entre as eleitoras.
Além das falas, a substituição de ministras também gerou insatisfação. A demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde foi vista como um retrocesso por eleitoras que esperavam maior protagonismo feminino. “Tirou o protagonismo de uma cientista para colocar um homem branco no lugar”, criticou a publicitária Patrícia Reis, 40 anos. A fisioterapeuta Tayná Moraes, 26 anos, também demonstrou frustração: “Não dá para relativizar violência doméstica. Depois disso, não votaria de novo nele.”
A deputada Gleisi Hoffmann (PT), nova articuladora política do governo, minimizou o impacto e destacou o compromisso de Lula com pautas femininas. Já Benedita da Silva (PT) atribuiu a queda na aprovação a fake news e narrativas oposicionistas. Para a cientista política Juliana Fratini, a frustração das mulheres reflete a expectativa de que Lula teria mais sensibilidade com esse eleitorado, especialmente após uma campanha marcada pelo discurso de inclusão feminina.
A universitária Isadora Camargo, 23 anos, ligada ao movimento estudantil, avalia que, apesar de avanços em relação ao governo Bolsonaro, a sensação é de continuidade na estrutura de poder. “No fim das contas, não vejo uma política pública voltada de fato para os nossos interesses. A impressão que fica é de que quem manda ainda são os mesmos de antes.”
