07/03/25
A proprietária de uma creche em Nerópolis, suspeita de esquecer Salomão Rodrigues Faustino, de apenas dois anos, dentro de um carro por cerca de quatro horas, não tinha autorização para administrar o berçário nem para realizar o transporte de crianças. A informação foi confirmada pelas investigações do caso.
Flaviane Lima Souza, de 36 anos, se tornou ré e responderá por homicídio doloso qualificado, após a Justiça acatar a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO) nesta quarta-feira (5). Segundo a acusação, o crime foi cometido com emprego de meio cruel, já que a criança morreu de forma agonizante dentro do veículo fechado, vítima de intermação (elevação extrema da temperatura corporal). Salomão foi deixado sem qualquer possibilidade de defesa.
O promotor de Justiça Daniel Parreira da Silva Godoy reforçou que o caso não pode ser tratado como um descuido momentâneo. Ele destacou que a morte da criança foi consequência de sucessivas decisões erradas da acusada ao longo do dia. Além disso, chamou atenção para a falta de reação de Flaviane ao perceber o que havia ocorrido. Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que ela se dá conta do esquecimento e se questiona o que fazer em relação a si mesma, sem demonstrar preocupação imediata com a vítima.
Além da acusação de homicídio, o MPGO denunciou Flaviane por exercício ilegal de profissão, pois a creche operava sem os requisitos legais mínimos para o funcionamento. O órgão apontou que todas as crianças sob os cuidados dela estavam expostas a risco extremo, já que a administração era precária e sem um sistema eficiente de controle dos alunos.
A denúncia enfatiza que a tragédia não foi um erro isolado, mas resultado de um contexto de negligência contínua. “O risco não decorreu de um simples esquecimento, mas de um cenário em que a denunciada operava sem critérios mínimos de segurança, tornando previsível o resultado trágico e evidenciando sua indiferença em relação à sorte da vítima”, afirma o MPGO.