27/04/25
Mesmo do leito do hospital, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue articulando os bastidores da política com os olhos voltados para as eleições de 2026, que acontecem em apenas um ano e cinco meses. Apesar de ainda afirmar publicamente que será candidato, Bolsonaro confidencia a aliados que as barreiras judiciais são, hoje, intransponíveis. Como ele mesmo reconhece, "para conter o Supremo Tribunal Federal, ao contrário do que pensava Eduardo Bolsonaro, não basta um cabo e um soldado".
Diante desse cenário, Bolsonaro trabalha com dois nomes para representar a direita na disputa presidencial: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
A preocupação do ex-presidente com a permanência de Tarcísio à frente do governo paulista é evidente. São Paulo, cujo PIB supera o da Argentina e do Chile, é considerado estratégico. Bolsonaro entende que perder o comando do chamado "Estado-país" pode significar um retrocesso para a direita nacional. Tarcísio, por sua vez, demonstra preferência em disputar a reeleição em 2026 para concluir um segundo mandato, conforme desejo também do presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Bolsonaro, no entanto, não esconde o incômodo com a aproximação política entre Tarcísio e Kassab. O ex-presidente acredita que o governador paulista tem ouvido mais o secretário do que o próprio Bolsonaro — justamente quem o impulsionou à vida pública.
Se Tarcísio optar por tentar a reeleição, Bolsonaro deve concentrar seus esforços em outra liderança: Ronaldo Caiado. O ex-presidente demonstra entusiasmo ao falar do governador de Goiás, apontando três qualidades: coerência ideológica, lealdade e longa trajetória na política nacional — Caiado foi candidato à Presidência em 1989.
"Ronaldo Caiado é um político posicionado e com discurso afiado e preciso", costuma afirmar Bolsonaro, destacando que o governador goiano é o único, entre os principais nomes da direita, a ter conseguido avanços significativos no combate à criminalidade, enquanto Tarcísio, Ratinho Júnior (Paraná) e Romeu Zema (Minas Gerais) enfrentam dificuldades nessa área.
Para bolsonaristas, o cenário é claro. "Só dois políticos estão com ‘cheiro’ de candidatos de Bolsonaro — Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado", resume um aliado.
Outros nomes ventilados não animam o ex-presidente. Ratinho Júnior foi "enquadrado" por Bolsonaro em recente visita ao Paraná para disputar uma vaga ao Senado, enquanto Romeu Zema, segundo aliados, não empolga "nem coelho", dada sua postura considerada lenta e discreta.
Em meio às articulações, Eduardo Bolsonaro vê seu espaço se estreitar após deixar o Brasil, e Michelle Bolsonaro já definiu seu projeto: será candidata ao Senado pelo Distrito Federal em 2026.