28/04/25
A prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é vista nos bastidores da Corte como um forte sinal do que pode acontecer com Jair Bolsonaro (PL) em caso de condenação. Ministros e assessores ouvidos pela Folha afirmam que a rejeição do segundo recurso de Collor, considerado apenas protelatório, reforça uma jurisprudência criada no julgamento do mensalão: a de impedir manobras para atrasar o cumprimento da pena.
O endurecimento do tribunal, consolidado agora com a execução da pena de Collor, é tratado como um "ensaio" para as ações penais contra os investigados pela tentativa de golpe após as eleições de 2022 — entre eles, Bolsonaro. A avaliação é que, uma vez condenado, o ex-presidente enfrentará dificuldades para adiar a execução da sentença por meio de recursos repetitivos.
O risco para Bolsonaro não se limita ao tempo de tramitação dos processos. A decisão do STF de enviar Collor a uma cela especial em presídio comum, e não a uma instalação da Polícia Federal ou a uma unidade militar, é interpretada como um recado claro: se condenado, Bolsonaro poderá ter o mesmo destino, sem tratamento diferenciado.
A possibilidade de o ex-presidente ser enviado a um presídio comum preocupa generais do Exército, que discutem nos bastidores alternativas para uma eventual prisão em unidade militar — cenário que, pelo que indicam as sinalizações do Supremo, tornou-se menos provável.